segunda-feira, 24 de maio de 2010

Só para constar...

Segue um artigo para ficarmos atentos, retirado do blog de Reinaldo Azevedo, colunista da Veja.

"Isso é que é inclusão digital! Nos brasileiros!
Por Elvira Lobato, na Folha de hoje:

Auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União apontou um prejuízo potencial de R$ 14 milhões na execução de 30 convênios para projetos de inclusão digital nos quais os ministérios da Ciência e Tecnologia, Planejamento e Comunicações injetaram R$ 82 milhões entre 2004 e 2006, sendo R$ 11,4 milhões por intermédio de ONGs. As perdas chegariam a 57,1% (ou R$ 6,5 milhões) nos recursos aplicados pelas ONGs, diz o TCU. Os projetos referem-se à instalação de computadores conectados à internet em salas de acesso público e em ônibus para atendimento à população de baixa renda. As suspeitas de superfaturamento e de fraudes na implantação dos projetos surgiram no ano passado, na investigação da máfia dos sanguessugas: esquema de desvio de recursos públicos para compras de ambulâncias autorizadas por emendas. A investigação foi instaurada a pedido da CPI dos Sanguessugas, que terminou em dezembro de 2006, sem apurar ramificações da máfia em outras áreas da gestão federal."

domingo, 23 de maio de 2010

Exclusão e Inclusão Digital

A Exclusão Digital

Para termos uma idéia dos que são excluídos digitais, podemos fazer perguntas tais como: “Em um país como o Brasil, quantos domicílios têm acesso a um computador com linha telefônica disponível para acesso à Internet?”. Recentemente, segundo o Mapa de Exclusão Digital divulgado no início de Abril/2003 pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ), juntamente com outras entidades, aproximadamente 12,46% dos brasileiros têm computador em suas residências e pouco mais de 8,31% encontram-se conectados à Internet.

A exclusão digital reflete na sociedade trazendo consequências culturais, sociais e econômicas, visto que a distribuição desigual da tecnologia no acesso a computadores conectados à Internet beneficia apenas um determinado número de pessoas.

A Inclusão Digital

A inclusão digital basicamente é a iniciativa de fazer com que a sociedade obtenha conhecimento mínimo para utilizar os recursos da Tecnologia da Informação e de comunicação (TIC), bem como ter e utilizar os recursos físicos, tais como os computadores com acesso à Internet.

Muitas iniciativas foram tomadas, dentre uma delas, o governo tomou a iniciativa de disponibilizar laboratórios de informática nas escolas brasileiras e o acesso à internet com banda larga. Embora o aumento de computadores nas escolas públicas no Brasil venha aumentando a cada ano, a pesquisadora Neide de Aquino Noffs, da Faculdade de Educação da PUC-SP, diz que a inclusão digital nas escolas da rede pública ainda não é uma realidade. "O laboratório de informática existe, mas não é usado com freqüência. Não é uma atividade rotineira para os alunos; não é como a biblioteca, que fica aberta o tempo todo", afirma Noffs.

Para que a inclusão digital tenha êxito, seria necessário a capacitação dos professores para que a sua aula seja integrada ao uso dos computadores. Alguns exemplos de sucesso são ocorridos em escolas particulares, que contratam monitores que são responsáveis pela manutenção dos laboratórios, estando disponíveis para o acesso aos laboratórios; além disso, os professores têm o auxílio deste para prepararem suas aulas com os recursos.

Fonte: www.acaodigital.mt.gov

Inclusão digital em favelas brasileiras ainda é desafio

A internet criou novas oportunidades para muitas pessoas enriquecerem ao redor do mundo. Mas será que os benefícios gerados pelo acesso à rede estão chegando aos mais pobres? Uma favela brasileira é um bom lugar para descobrir.

Babilônia é uma favela no Rio de Janeiro com cerca de 80 mil moradores, a maioria muito pobre. A comunidade fica próxima da famosa praia de Copacabana e até recentemente era um lugar perigoso para se viver.

Até alguns meses atrás, antes da polícia ocupar a área e retomar o controle do local, a favela era comandada por traficantes.

No entanto, apesar do ambiente incerto, alguns moradores da favela usam a internet de maneira bastante sofisticada.

Usuários da rede, ao contrário do que acontece em outras comunidades pobres ao redor do mundo, não encontram dificuldades técnicas para acessar a internet na favela da Babilônia, localizada próxima do coração do Rio de Janeiro, onde a rede de comunicação é boa.

Poucas pessoas, no entanto, têm um computador conectado à rede em casa. O acesso é feito nas chamadas "lan houses".

Papel da internet

O primeiro lugar que visitei foi uma creche administrada por uma instituição de caridade. Os funcionários do local cuidam das crianças da comunidade enquanto os pais estão no trabalho.

E a continuidade do funcionamento da creche só é possível pela arrecadação de fundos feita graças à internet, que tem papel crucial para manter o local aberto.

"Nós levantamos 60% dos nossos fundos mandando apelos através de e-mails", explica a administradora da creche, Antonia Nascimento.

Nascimento conta que depende das doações de pessoas que moram fora da favela e de patrocinadores corporativos para pagar os funcionários e manter o prédio que abriga a creche.

"Se você for ligar para um diretor de uma grande companhia, você não vai conseguir chegar até ele através do telefone, então você lhe manda um e-mail e, quando ele tiver tempo, ele pode ver o seu pedido", afirma ela.

"Talvez poderíamos manter a creche sem a internet, mas seria muito difícil", disse.

Além do papel importante na manutenção da creche, a internet também é usada para manter contato com os pais das crianças.

Em um bar da favela, conheço um homem de aparência dura que administra um negócio para conserto de motocicletas. Morelio, de 28 anos, afirma que pretende anunciar seu serviço na internet para conquistar mais clientes.

"Há muita competição. A internet pode realmente aumentar a percepção dos meus serviços", diz Morelio.

Ele alega que seu negócio depende muito de recomendações boca a boca de clientes satisfeitos.

"Se eu pudesse anunciar estas recomendações na internet isso realmente iria me ajudar a conseguir mais clientes", afirma.

Apelo tecnológico

A mensagem que estes dois exemplos transmite é que, quando dada a oportunidade, pessoas em comunidades pobres usam a internet para ganhar vantagens econômicas de maneira bem parecida à praticada por qualquer outra pessoa.

Babilônia é uma das muitas favelas no Brasil que recebe ajuda do Centro de Inclusão Digital (CDI), instituição que trabalha com comunidades carentes para aumentar o acesso à tecnologia.

"Traficantes representam modelos porque eles têm poder, mulheres e dinheiro. O que precisamos fazer é criar alternativas", afirma o diretor do CDI, Rodrigo Baggio.

Ele sustenta que, de maneira geral, as crianças nas favelas veem a internet e a tecnologia como algo "legal" e um passaporte para uma vida melhor, oferecendo chances de conseguir um melhor emprego.

Questões culturais

No entanto, Kathi Kitner, que trabalha como antropóloga para a fabricante de chips Intel, ressalta que não é suficiente simplesmente fornecer a tecnologia.

Segundo ela, projetos de inclusão digital de sucesso devem ser acompanhados de medidas que apóiem os esforços das pessoas de criar renda a partir do uso da rede.

De acordo com Kitner, é necessário haver uma noção de "sensibilidade cultural".

Ela cita, por exemplo, que na Índia, o sistema de castas rurais ainda é muito forte, então é importante saber onde colocar os computadores conectados, pois há lugares é proibida a entrada de pessoas de castas mais baixas.

"Há uma tendência de que pessoas de classe média sejam as primeiras a usar a internet, porque elas têm mais conhecimento de como usar um computador. Isso não é algo ruim, mas é normalmente errado assumir que este conhecimento irá chegar aos mais pobres", afirma Kathi Kitner.

Potencialmente, a internet é uma ferramenta poderosa para que pessoas na base da pirâmide social melhorem de vida, mas fazer com que isso funcione ainda não é fácil.

Fonte: Folha Online - Mark Gregory